ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA COM O OBJETIVO DE TRATAR SOBRE O PROJETO DE CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MUSEU FARROUPILHA EM PORTO ALEGRE – PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 17-8-2009.

 


Aos dezessete dias do mês de agosto do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas, o Vereador DJ Cassiá assumiu a presidência e declarou abertos os trabalhos da presente Audiência Pública, a qual teve como Mestre de Cerimônias o Senhor José Luís Espíndola Lopes, destinada a debater o Projeto de Lei do Legislativo nº 039/07 (Processo nº 1414/07), que institui diretrizes para criação do Museu Farroupilha em Porto Alegre, como referência à memória dos que lutaram na Revolução Farroupilha e para preservar a tradição gaúcha, conforme requerido pelo Vereador DJ Cassiá, nos termos do Edital publicado no Diário Oficial de Porto Alegre do dia dezesseis de julho do corrente (Processo nº 2333/09). Compuseram a Mesa: o Vereador DJ Cassiá, Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, presidindo os trabalhos; o Senhor Manoelito Savaris, Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, representando o Governo do Estado do Rio Grande do Sul; a Senhora Cibele Silva do Carmo, representado a Secretaria Municipal do Meio Ambiente; a Senhora Regina Maria de Oliveira Machado, representando a Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local; o Senhor Francisco Dornelles, Secretário Adjunto da Secretaria do Planejamento Municipal; o Senhor Oscar Fernande Gress, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG –; o Coronel Ivo Benfatto, Presidente da Comissão Gaúcha de Folclore, e o Vereador Tarciso Flecha Negra, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. Também, durante os trabalhos, foram registradas as presenças, neste Plenário, dos Senhores Idenir Cecchim, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio – SMIC –; Vilmar Ribeiro Romera, apresentador do programa “Fogo de Chão”, da Ulbra TV; Carlos Eduardo Chaise, Diretor Regional da União dos Escoteiros do Brasil; Leonardo Araújo, representando o Colégio Militar de Porto Alegre; Alencar Feijó da Silva, Presidente da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul; Dorotéo Fagundes de Abreu, Presidente do Instituto Cavaleiros Farroupilha; Marcílio Leucina Goulart, Presidente da Associação dos Piquetes do Rio Grande do Sul; das Senhoras Neliane Ereno, representando o Deputado Federal Afonso Hamm; Fernanda Westerhofer Gonçalves, representando a Secretaria Municipal de Turismo; Elma Sant’Ana, Coordenadora do Instituto Anita Garibaldi, e dos Vereadores Bernardino Vendruscolo, João Pancinha, João Carlos Nedel e Ervino Besson. Após, o Senhor Presidente procedeu à leitura de correspondência enviada pela Vereadora Fernanda Melchionna, informando a impossibilidade de seu comparecimento na presente Audiência Pública. Em continuidade, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante a presente Audiência Pública, informando que, após a exposição inicial sobre o tema “A hora e o momento da arte”, a ser realizada pelo Vereador Bernardino Vendruscolo, autor do Projeto de Lei do Legislativo nº 039/07, seria concedida a palavra para manifestações de representantes da comunidade e de Vereadores inscritos. A seguir, os Senhores Vítor Hugo Vieira Medeiros Júnior, da Associação dos Trovadores Luiz Müller, e Albeni Carmo de Oliveira, da Fundação Cultural Gaúcha, apresentaram número de trova e o Senhor Jorge Maciel, conhecido como Cardeal, declamou o poema “Peleia”, de Manoel Lourenço Santiago. Em prosseguimento, foram iniciados os debates, tendo o Senhor Presidente concedido a palavra ao Vereador Bernardino Vendruscolo e, em seguida, aos inscritos, que se pronunciaram na seguinte ordem: o Senhor Vilmar Ribeiro Romera; o Senhor Oscar Fernande Gress; o Senhor Ivo Benfatto; o Senhor Manoelito Savaris; o Senhor Celso Rosa da Silveira, Vice-Presidente da Associação dos Piquetes do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Dorotéo Fagundes de Abreu; o Vereador Tarciso Flecha Negra; a Senhora Elma Sant’Ana; o Senhor Vitor Hugo Vieira Medeiros Júnior, e o Senhor Paulo Roberto Guimarães, da 1ª Região Tradicionalista do Rio Grande do Sul. Às vinte horas e cinquenta e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador DJ Cassiá e secretariados pelo Vereador Tarciso Flecha Negra, 3º Secretário. Do que eu, Tarciso Flecha Negra, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 


O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS (José Luís Espíndola Lopes): Boa-noite, senhoras e senhores, neste momento damos início à Audiência Pública sobre a criação e implementação do Museu Farroupilha. Vamos à leitura do Edital (Lê.): “Audiência Pública para tratar sobre o projeto de criação e implementação do Museu Farroupilha em Porto Alegre. O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no uso de suas atribuições legais, comunica à comunidade porto-alegrense, a realização de Audiência Pública, no dia 17/08/2009, às 19h, na Câmara Municipal de Porto Alegre, localizada na Rua Loureiro da Silva, nº 255, Bairro Centro, para tratar sobre o projeto de criação e implementação do Museu Farroupilha em Porto Alegre, como referência à memória dos que lutaram na Revolução Farroupilha e para preservar a tradição gaúcha. Gabinete da Presidência, 14 de julho de 2009. Ver. Sebastião Melo, Presidente”.

Convidamos para compor a Mesa dos trabalhos o Ver. DJ Cassiá, Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Tarciso Flecha Negra, que será o secretário dos trabalhos; Sr. Manoelito Savaris, representante do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Presidente da Fundação do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore; Srª Cibele Silva do Carmo, representante da SMAM; Srª Regina Machado, representante da Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local; Sr. Francisco Dornelles, Secretário Adjunto da Secretaria do Planejamento Municipal; Sr. Oscar Fernande Gress, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; Coronel Ivo Benfatto, Presidente do Conselho Gaúcho do Folclore.

Prestigiam esta solenidade os Srs. Vereadores Bernardino Vendruscolo, João Pancinha, João Carlos Nedel, Tarciso Flecha Negra, Ervino Besson; o Sr. Vilmar Romera, da TV Ulbra; Sr. Carlos Eduardo Chaise, da União dos Escoteiros do Brasil; Coronel Leonardo Araújo, representante do Colégio Militar de Porto Alegre; Sr. Alencar Feijó da Silva, Presidente da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul; Sr. Dorotéo Fagundes, Presidente do Instituto dos Cavaleiros Farroupilha; Srª Neliane Ereno, representante do Deputado Federal Afonso Hamm; Srª Elma Sant’Ana, do Instituto Anitas; Sr. Marcílio Goulart, Presidente da Associação dos Piquetes do Rio Grande do Sul; senhores representantes de CTGs e entidades relacionadas à tradição gaúcha.

Passo a palavra ao Ver. DJ Cassiá, Presidente desta Audiência.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Boa-noite, Vereadores presentes nesta Audiência Pública, imprensa e demais pessoas das entidades do nosso Rio Grande do Sul. Em primeiro lugar, quero agradecer o Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo, pela oportunidade desta Audiência Pública, hoje; ao nosso colega, Ver. Bernardino Vendruscolo, proponente desta Audiência Pública; Ver. Tarciso Flecha Negra, que faz parte da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude desta Casa. Antes de iniciarmos os trabalhos, eu quero ler uma manifestação da Verª Fernanda Melchionna, Vice-Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Lê.): “Porto Alegre, 17 de agosto de 2009. Prezado Ver. DJ Cassiá, não posso me fazer presente na Audiência desta noite, por estar me deslocando para uma atividade partidária em São Paulo. Estarei licenciada das atividades de Vereança ao longo desta semana, de terça a sexta-feira. Contudo, gostaria de frisar, com esta carta, a importância de debater a criação do Museu Farroupilha, que pode se constituir como um espaço cultural para preservar os costumes gaúchos, e pode também recuperar um local importante da história de Porto Alegre, o Grêmio Gaúcho, sendo necessário discutir a constituição de um acervo que represente as tradições. Lamento não poder estar presente, e reitero a posição que tive na Comissão de Educação, Cultura e Juventude. Atenciosamente, Verª Fernanda Melchionna”.

Eu vou abrir as inscrições; são 10 inscrições, e cada inscrito dispõe de cinco minutos. As inscrições podem ser feitas aqui ao lado com a Valeska. Enquanto as inscrições estiverem sendo feitas, o Ver. Bernardino vai fazer um encaminhamento: “A Hora e o Momento da Arte”. Logo em seguida, daremos a palavra aos inscritos.

Quero agradecer também a presença do nosso colega Vereador e Secretário, Cecchim.

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Presidente, eu lhe peço, antes da minha fala, se fosse possível, que aquelas pessoas que estão se dispondo a nos prestigiarem com a apresentação de um verso, uma trova, enquanto a gente encaminha as inscrições, que elas possam, então, desenvolver o seu trabalho artístico.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Muito bem, Vereador, logo em seguida passaremos a palavra ao senhor que é o proponente.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Presidente, eu peço que cada um faça a sua apresentação, dizendo de onde vem, até para eu não cometer injustiça aqui com os três que irão se apresentar.

 

O SR. VITOR HUGO VIEIRA MEDEIRO JÚNIOR: Boa-noite, sou de Porto Alegre, tenho 42 anos, vou fazer a trova junto com o meu colega Albeni. Passo para o Albeni que começará a trova.

 

(Apresentação de trova.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Agradecemos ao Ver. Dr. Raul pela presença.

 

O SR. JORGE MACIEL CARDEAL: Senhores e senhoras presentes, o meu cordial boa-noite. Quero felicitar o Ver. Bernardino por este grande evento. Enquanto existirem gaúchos como o Ver. Bernardino, o meu grande amigo Romera, que há anos não via, e o Dorotéo Fagundes, este Rio Grande continua em pé e firme como foi firme quando lutaram pelos seus ideais os nossos farroupilhas. Vou ter que chamar uma poesia de Manoel Lourenço Santiago, a primeira poesia que declamei no grande Rodeio Coringa - tive a ousadia de declamar ao lado do maior declamador que este Rio Grande teve, o imortal Darcy Fagundes. De Manoel Lourenço Santiago, “Peleia”.

 

(Declama a poesia.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Esse é o nosso Cardeal. Antes de dar início às inscrições, quero passar a palavra ao nosso colega Vereador, autor do Projeto, proponente desta Audiência Pública, Ver. Bernardino Vendruscolo.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. DJ Cassiá, com certeza, Ver. DJ e Ver. Tarciso, se não fosse a CECE, a Comissão de V. Exas, nós não estaríamos aqui discutindo este Projeto numa Audiência Pública. Por isso, recebam deste Vereador o maior dos apoios, porque nem sempre somos convincentes nos nossos Projetos. Há alguns Projetos que os Vereadores, às vezes, nos convencem de forma a defender de modo diferente. Esta Audiência Pública foi proposta lá na Comissão dos senhores, e fomos convencidos a aceitar para que pudéssemos, hoje, estar aqui.

Então, Ver. DJ e Ver. Tarciso, se temos méritos, eles devem ser divididos. Aqui vejo outros Vereadores; aqui nesta Casa, sozinhos, não conseguimos fazer absolutamente nada. Então, nesta empreitada não há que se fazer distinção, e nem mesmo aceitar distinção, a não ser insistir com esta tese de nos somarmos e dizer que esta luta é de todos nós.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Não lembro se foi citado aqui, vou tentar, não vi citarem o nome do Tomazzini, que é o coordenador da 1ª Região Tradicionalista, o Tio Ary, que está ali, e por sua insistência, desde 2005, início de 2006, é que nós estamos aqui. Incontáveis vezes o Tio Ary esteve nesta Casa, no nosso Gabinete, apelando para que levássemos em frente, Cecchim, este pleito da criação do Museu Farroupilha; o Renato Fagundes; o Dorotéo Fagundes; o Nelson, que é chefe do nosso grupo de Escoteiros Bento Gonçalves - enfim, tentei falar alguns nomes que não ouvi. Gostaria também de citar o Patrão do Piquete Fraternidade, o Renato. Enfim, não sei se alguém não foi citado. Até para efeito de registro, gostaria que os que estão aí ou os que conhecem, pudessem me alertar, pois não queremos deixar ninguém de fora, dada a importância da participação de vocês. O deslocamento nesta noite está difícil, é uma noite fria, chuvosa, e mesmo assim vocês estão aqui, como bem disse o Vitor Hugo Vieira, declamador, o Albeni e o Cardeal, pela importância de nós levarmos este pleito. Aqui também me foi passado o nome do Cel. Leonardo Araújo, pesquisador da vida de Cezimbra Jacques - receba os nossos cumprimentos -, e também o Nivaldo, do Mala de Garupa.

Presidente, a nossa fala é tão somente para iniciar esta discussão. Em razão de compromisso, pediu-me, anteriormente, o nosso tradicionalista, comandante da Cavalgada do Mar, Vilmar Romera, que pudesse fazer sua fala primeiro em razão dos seus compromissos. É mais importante, evidentemente, nós ouvirmos esses homens que têm 30, 40 ou 50 anos de lutas em defesa da nossa cultura.

Antes de citar esse prédio, que é a sede do Grêmio Gaúcho, construído, criado por Cezimbra Jacques há 111 anos, Coronel. Nós precisamos dar uma explicação de uma parte técnica pequena, significante, que é um detalhe, mas precisamos dar essa explicação. Quando propusemos o Projeto, nós não mencionamos na proposta de criação dessa Lei, que a sede do Museu Farroupilha teria que ser, obrigatoriamente, aqui na sede do Gauchinho, por questões técnicas. Se nós assim o fizéssemos, estaríamos comprometendo, Elma Sant’Ana, Comandante das Anitas, o nosso Projeto. Por isso, na Exposição de Motivos, acostamos, sim, uma sugestão, Dorotéo Fagundes - agradeço-lhe pelo apoio que tem nos dado também na Rádio Gaúcha todos os domingos pela manhã. Então, na proposta de criação da Lei, não mencionamos a obrigatoriedade de ser aqui, para não comprometer a legalidade do nosso Projeto. Agora, temos defendido que não há lugar melhor, não há lugar tão apropriado como ali, Tomazzini, no Grêmio Gaúcho, que poderá também ser a sede da primeira região tradicionalista. Lá poderá ter um lugar para a Apergs, para as Anitas. Enfim, nós precisamos plantar a unidade das entidades que representam a cultura do Rio Grande. Há momentos em que precisamos nos dar as mãos, Savaris, Gress, Benfatto e demais, porque só unidos teremos condições de conseguir algo mais. Porque é inadmissível o comportamento que os homens públicos desta Cidade vêm tendo ao longo dos anos com a nossa Cultura gaúcha; é triste. Sabem vocês que sou da base do Governo, e sabe, sim, o Prefeito Fogaça, que essa é a minha opinião; já a expressei, e tenho certeza de que o mesmo Prefeito, o José Fogaça, que encaminhou para esta Casa, novamente, 19 milhões de reais para o carnaval e quatro milhões de reais para a Cultura gaúcha - e, diga-se de passagem, dizem que nunca recebem, mas o carnaval recebe. Eu não sou contra o carnaval, mas eu preciso fazer esta comparação -, tenho certeza de que este mesmo Governo ainda fará a reparação, porque tenho confiança - meus Pares Vereadores, Idenir - no Prefeito José Fogaça, pois ele é um homem de cultura!

Não imagino, mas certamente é difícil quebrar aquilo que está posto nas infindáveis Secretarias que compõem um Governo. Acho, acredito, imagino que seja muito difícil vencer esses obstáculos, mas nós haveremos de vencer, e confio profundamente no Prefeito José Fogaça, que ainda no seu Governo nós vamos acabar tendo aqui, meus companheiros, um parque temático. Sem querer fugir do assunto, meu Presidente, vamos ter a Copa do Mundo já, já. O é que nós vamos mostrar àqueles que virão visitar o Rio Grande, a Capital dos gaúchos? E virá gente de todo o mundo. Mostrar as churrascarias? Não, isso não precisa mostrar; isso tem em tudo o que é lugar, no Exterior, em São Paulo, em todos os lugares, em todos os cantos do Brasil tem, não é mais novidade. Então, nós precisamos nos preparar para isso.

E não faço, então, uma crítica a este Governo; é um comportamento dos homens públicos desta Cidade de não investir naquilo que é nosso. Eu não sou contra investir em carnaval ou em qualquer outro segmento, não sou absolutamente contra, só que, quando falo, eu preciso falar para fazer uma comparação do pouco caso que se vem fazendo, do pouco investimento que está se dando, destinando àquilo que, para mim - e tenho certeza de que para todos vocês - é um grande equívoco. Já disse: a Prefeitura tem convênio com várias entidades para abrigar, para atender à gurizada; por que não podem se conveniar com os CTGs? Por que não se pode aproveitar a estrutura dos CTGs no turno inverso ao dos colégios? Está pronto; precisamos enfrentar isso.

Vamos nos ater aqui à criação do Museu Farroupilha, porque eu lhes confesso que não deveria falar tudo isso que estou falando, porque está fora do assunto, mas falo porque pesa! E precisamos desabafar, Secretário. Precisamos! Um dia, haverão de nos ouvir e, certamente, irão facilitar as coisas.

Em 2005, fomos inicialmente procurados pelo Tio Ary; em 2006, protocolamos o Projeto de criação do Museu Farroupilha e, naquela oportunidade, fizemos a primeira reunião no Galpão da Rede Pampa - esteve lá presente o Tio Ary, e vejo aqui na fotografia o Manoelito Savaris, o Dorotéo Fagundes, o Paixão Côrtes, o Nico -, onde ouvimos histórias fantásticas, como por exemplo, a criação dos grêmios na América do Sul, naquela oportunidade, por intermédio de Cezimbra Jacques. Lá ouvimos. E, com certeza, antes de tudo, a primeira coisa foi a criação dos grêmios em defesa da nossa Cultura. Lá se iniciou tudo!

Então, voltando ao assunto do prédio: em 2006, as matrículas - lá são quatro imóveis - comprovavam que sequer haviam sido listados como de interesse cultural. (Mostra fotografia.) É um outro desabafo que faço: há prédios aqui em Porto Alegre que não se sabe por que estão listados e tombados. Este não foi sequer listado! Se está hoje, foi depois de 2006, Tio Ary. Muitos que não têm história foram listados, mas esse, com toda a história que tem, sequer foi listado, Manoelito. E se está listado, foi a partir de 2006.

Lá temos a averbação da demanda trabalhista de um garçom, uma execução de ICMS, da Fazenda Nacional, e aquelas pessoas que lá estão morando.

Sobre a criação do Museu alguém falou: “Mas nós já temos um Museu”. Mas e quem disse que nós não podemos ter mais museus? A minha proposta é a do Museu Farroupilha. Nós, que temos uma história, nós que tivemos os irmãos de sangue, irmãos da terra do Rio Grande mortos em combate na epopeia, que foi algo fantástico, contado como uma guerra, como uma revolução, como queiram, mas é contada no mundo inteiro como uma das mais longas. Não temos quase nada que conte aquele passado, aquele momento. Nós que temos que resgatar essa história com certeza, e temos brigado aqui nesta Casa por isto, e muitos dos Srs. Vereadores têm lutado junto, para que possamos rever aquele comportamento de cantarem o Hino nas escolas; outros nos criticam, pois não podemos mais obrigar. Então, como se faz para convencer os professores a incentivarem os nossos jovens para que cantem os hinos nas escolas? É ruim criar um projeto brigando, mas fazer o quê?

Eu já falei demais, desculpem o desabafo, mas eu gostaria tanto de ouvir essas autoridades que aqui estão, porque nós precisamos, cada vez mais, aprender sobre a nossa Cultura, e saber também, de forma honesta e sincera, se este é o caminho ou se nós estamos equivocados. Este encontro não pode ser em vão, porque nem sempre, e nós precisamos aceitar isso, estamos 100% no caminho certo da luta. Por isso, vale a pena, sim, subirem aqui, porque esta é uma Audiência Pública, e dizerem: “Vereador, o senhor está equivocado; não é bem assim; ou, sim, este é o caminho, é por aqui, é por ali”. Porque só com esse comportamento de transparência, de dizer a verdade, é que nós, Ver. Tarciso Flecha Negra, Ver. DJ Cassiá, vamos acertando a nossa caminhada. O que nós não podemos aceitar é receber a oportunidade de passar por aqui, e não fazer absolutamente nada - só aplaudir. Eu lhes agradeço, Ver. DJ Cassiá, Ver. Tarciso, à sua Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude, Comissão desta Casa, que nos proporciona este momento. Esta luta é de todos nós. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Ver. Bernardino Vendruscolo, autor do Projeto. O Sr. Vilmar Romera, representante da TV Ulbra, está com a palavra.

 

O SR. VILMAR ROMERA: Boa-noite a todos. Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Ver. Tarciso Flecha Negra; cumprimentando os senhores eu cumprimento o Ver. Bernardino Vendruscolo e todas as autoridades desta Casa. Cumprimento também o Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, Manoelito Savaris; o Presidente do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcha -, Oscar Fernande Gress, e demais autoridades na Mesa; em especial, cumprimento a Srª Elma Sant’Ana, pesquisadora, que representa aqui a mulher gaúcha.

Parabéns por tudo que foi dito aqui pelo Ver. Bernardino Vendruscolo, é tudo o que necessitamos. Nós temos que fortalecer a Cultura, essa é a grande verdade. Cultura forte é economia segura para qualquer cidade, para qualquer estado, para qualquer país. Eu só fico triste, Vereador, porque tem a campanha contra o crack; então, para aparecer, estão usando camisas e camisinhas de tudo quanto é jeito: é o fulano de tal, é o cara da Globo, é o cara da Record, é o cara daqui, de lá. É o crack, é o crack - ninguém se preocupa em difundir a Cultura, fazer uma barreira, colocar a Cultura em primeiro plano, porque a Cultura é a segurança do amanhã, no andar. Povo sem cultura não anda, a Educação é a base.

Eu fico triste também, porque em tudo que é reunião de que participo, em todo o lugar a que eu vou, são as mesmas caras, é o mesmo cavalo, é o mesmo piquete, é a mesma encilha. Cadê o povo do Rio Grande, cadê os homens a cavalo, cadê os bombachudos, cadê o pessoal dos CTGs? Esta Casa era para estar lotada! Onde estão? É que não tem trago, não tem comida; se tivesse isso, estava lotado aqui! Eu lamento! Eu sempre fui assim: não tenho papas na língua, e é a maneira minha de pensar. Eu pedi para usar da palavra, porque quero me colocar à disposição. Nós estivemos na última reunião, quando foi aprovado esse Requerimento, por intermédio do Ver. Vendruscolo.

Vereador, o que estiver ao nosso alcance, faremos. Posso-lhe dizer que tenho a felicidade de comandar um dos maiores, senão o maior, eventos festivos de homens a cavalo no mundo, e se precisar, para que ande, nós vamos convocar e, juro por Deus, que 200 ou 300 cavaleiros nós vamos conseguir para brigar, para pelear, porque este é um assunto muito sério. Como o Aryzinho conhece, e muito bem, eu também conheço demais, eu fui criado dentro daquela entidade, conheço demais aquela entidade. Tomara que isso seja aprovado, tomara! O Vereador falou que pode ser a sede da APERGS, da 1ª Região. Que coisa boa, que coisa boa! Vai precisar de dinheiro, vai precisar disso ou daquilo? Vai! Mas se precisamos de dinheiro para tanta coisa, por que não para o Movimento Tradicionalista Gaúcho?

Falou um Vereador, ainda agora, de 19 milhões para o carnaval. Eu também gosto de carnaval, até já desfilei em Porto Alegre, de gaúcho, em carro alegórico, e parece que vem 3% para o Movimento Gaúcho. Vereador, conte com a gente; o meu recado é este: eu vim aqui com muita garra, com muita alegria, para lhe trazer um abraço, para cumprimentar os Vereadores, e saio daqui triste, porque vejo de novo os mesmos cavalos, com as mesmas encilhas, os mesmos tropeiros, os mesmos cavaleiros. Não cresce, não anda! E é tão sério isso, que eu, sinceramente... Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe e que possamos gritar, amanhã, que o museu é a própria imagem do Rio Grande. E, durante a Copa, se Deus quiser, Bernardino, haveremos de pisar lá e dizer: “Isso é nosso, conseguido pelos irmãos, de fato e de direito, desta terra chamada Rio Grande; nós, os gaúchos”. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Sr. Vilmar Romera, representante da TV Ulbra. Quero comunicar aqui a presença da nossa historiadora Elma Sant’Ana, Patrona da Semana Farroupilha do Município de Porto Alegre de 2009. (Palmas.) Também quero agradecer a presença da Srª Fernanda Gonçalves, representante da Secretaria Municipal de Turismo.

O Sr. Oscar Fernande Gress, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, está com a palavra.

 

O SR. OSCAR FERNANDE GRESS: Boa-noite a cada um e cada uma, saúdo o Presidente desta Sessão, Ver. DJ Cassiá; o Ver. Tarciso, mais especialmente o Ver. Bernardino, e os demais que se encontram aqui. Saudando estes, saúdo os demais componentes da Mesa e aqueles que o protocolo já citou. Não poderia ser diferente de o Movimento Tradicionalista Gaúcho, nesta noite, estar aqui, representado para se irmanar nesta causa do Museu Farroupilha. Se existe museu, meu Ver. Bernardino, nós temos que ter o museu da nossa história farroupilha. E o senhor pode dizer que há tantos outros lugares apropriados para fazermos o museu, mas acho que não existe um local mais apropriado do que lá no Grêmio Gaúcho. Por que acho que lá é o local mais apropriado? Porque é um local histórico, são 111 anos, como o senhor bem frisou. O que mais me preocupa, neste momento, é dizer que aquela história que se passou ali, está sendo apagada. E, com relação àquele local, hoje existe uma grande preocupação para os porto-alegrenses, em especial. O que acontece lá hoje? O consumo de entorpecentes. Nós temos, sim, o dever de proteger aquele patrimônio e não deixar que seja ocupado por uma desgraça tão grande. Em razão disso, meu Presidente, Cassiá, estamos aqui irmanados na mesma causa, como já lhe disse na reunião que tivemos na Secretaria e no Departamento.

Fala-se muito, Bernardino, no Movimento Tradicionalista Gaúcho, mas pessoas que agarram, investem, cultuam, fazem da maior cultura que existe no mundo, a cultura ímpar deste canto do Brasil, fazem palanques e não protegem essa cultura única. Então, isso me preocupa muito. Quando chega o mês de setembro, os setembrinos começam a aparecer, mas aqueles guardiões verdadeiros, meu amigo Dorotéo, que defendem diuturnamente esta Cultura, muitas vezes nem respeitados são. Se esta cultura não prestasse, ela não teria se expandido pelo mundo inteiro; uma cultura que preza, acima de tudo, a família. E temos hoje uma preocupação: se os próprios mandatários não acreditam nela, investem milhões em outra cultura que não é nossa, não é deste Estado, então, quem sabe, nós temos que nos radicar em outros Estados para sermos valorizados como somos, para quem conhece a Cultura do Rio Grande fora deste Estado. Mas no que depender, Srs. Edis, do Movimento Tradicionalista, com certeza, nós vamos ser parceiros, vamos pelear por esta causa, porque ela é justa.

Quando o senhor falar nessa reunião, onde também estava o nosso companheiro Manoelito Savaris, ele era, então, o Presidente deste Movimento, ele estava ali, sim, representando o maior Movimento do mundo e o mais organizado; ele estava ali representando a única cultura cívica do Brasil. É em razão disso que nós estamos irmanados. Muito obrigado a cada um que deixou seus afazeres e veio aqui reivindicar esta causa, e, mais uma vez, parabéns ao Bernardino e aos Vereadores que conduzem esta importante tarefa com tanto respeito e dignidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Sr. Ivo Benfatto, Presidente da Comissão Gaúcha de Folclore, está com a palavra.

 

O SR. IVO BENFATTO: Boa-noite a todos, Sr. Presidente desta nossa reunião, companheiros; Ver. Bernardino, Tio Ary, acho que começamos a subir os degraus para conseguir resolver isso. Há quantos anos, não é, Ary? Nós poderíamos falar a respeito deste assunto sob vários enfoques, e eu vou falar sob três enfoques - pretendo ser bem rápido. O primeiro deles: os políticos de Porto Alegre têm uma dívida com a comunidade. Quando foi feito o aterro sobre o Guaíba, quando pegamos esse pedaço do rio, havia uma promessa, Srs. Vereadores, de ser construído um espaço, chamado “casa do gaúcho”, aqui sobre esse terreno do rio que foi conquistado. Não houve. Nunca foi marcado o espaço, o local dessa “casa do gaúcho”; é uma dívida.

Segundo lugar: nós falamos do museu Farroupilha e falamos também da casa de Cezimbra Jacques. Quem foi Cezimbra Jacques? Vou fazer aqui um parêntese bem rápido: uma outra dívida das maiores, não só do Executivo de todos os tempos em Porto Alegre, mas da comunidade, que não soube, no seu devido tempo, dizer das suas vontades. Onde está o nosso centro histórico? O que foi feito dos prédios do Alto da Bronze? Onde está o Edifício Malakoff, onde é que estão esses prédios todos? Tombaram pela modernidade.

Muito bem! E, hoje, como disse o Ver. Bernardino, nós estamos aqui e temos que marcar presença. Aquele prédio foi o sonho do nosso Cezimbra Jacques. Vindo lá de Santa Maria, veio para Porto Alegre e aqui, com saudade das suas coisas de Santa Maria, juntamente com alunos da Escola de Engenharia, que estava se criando, do Colégio Militar e outros civis, criou o Grêmio Gaúcho. Com que objetivo? Para ali, naquele espaço, vibrar, celebrar a condição de ser gaúcho. Essa foi a mola propulsora que veio depois, em 1947, 1948, resultar no Movimento Tradicionalista Gaúcho.

Se nós não fizéssemos absolutamente nada naquele espaço, apenas reconstituindo-o como monumento à Cultura gaúcha, nós já estaríamos fazendo muito. É pena que o Romera não esteja aqui; eu também vivi a minha infância ali ao redor do Grêmio Gaúcho. Em muito baile de carnaval eu fui ali, e muitos dos senhores também foram ali. A minha origem como tradicionalista se deu no CTG Lenço Branco, que estava lá onde tem aquelas casinhas de aluguel hoje.

Então, o Grêmio Gaúcho é um patrimônio de Porto Alegre? Não! É um patrimônio do Rio Grande do Sul? Não! É um patrimônio do Brasil, da Cultura brasileira!

E aqui eu vou para um outro aspecto: muito se discute hoje a diversidade cultural. Isso é tão importante que Brasil e Canadá, liderando cento e tantos países do mundo, sob a proteção da Unesco, fizeram, celebraram um tratado no qual a importância da diversidade cultural tinha de estar ali, em que o direito à Cultura, um dos direitos fundamentais do homem, tinha um papel todo especial. Não existe espaço para uma cultura sobre a outra, o que existe é a valorização de todas. Quando nós falamos que o carnaval recebe 19 milhões de reais, não é muito para o carnaval; é pouco para o Movimento Tradicionalista, para as outras áreas da Cultura.

O que é feito em cima disso? Muito pouco, muito pouco mesmo! Acho que seria um pingo d’água num incêndio de uma floresta se partisse do Município de Porto Alegre, mais do que qualquer outra coisa, fazer daquele espaço um espaço público destinado à nossa Cultura, à nossa história.

E que coisa bem boa que a outra dívida fosse resgatada, criando, naquele espaço, um centro cultural, onde o Museu Farroupilha estivesse ali pronto para ser visitado por quem quer que seja.

Temos um outro museu, o Museu Júlio de Castilhos. E vamos até o México, e vamos ver que no México são trezentos, trezentos, sei lá quantos museus, porque ali estão sendo irrigadas, como seiva forte, as raízes de uma cultura. O povo que não cultua as suas raízes, morre a cada geração. Não podemos morrer a cada geração; vamos ver o que é feito na nossa Porto Alegre em termos de recurso para a Cultura.

Não basta dizer que Cultura é importante se não traduzir nos orçamentos públicos essa importância. Que viva Cezimbra Jacques; que ele possa ver novamente erigido aquele monumento à Cultura gaúcha, que se chama Grêmio Gaúcho, e ali, este e outros tantos espaços culturais. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Sr. Ivo. A próxima inscrição é do senhor Manoelito Savaris, Presidente da Fundação e Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.

 

O SR. MANOELITO SAVARIS: Sr. Presidente desta Sessão, DJ Cassiá; Secretário de Sessão, Assis; companheiro, Ver. Bernardino, na verdade, Bernardino, tu fizeste uma provocação de que se alguém fosse contra... Mas este não é o fórum para alguém ser contra, aqui dentro ninguém é contra, aqui só há favoráveis, não há vozes dissonante. Talvez se houvesse alguém se levantando contra a ideia, talvez o Romera não precisasse dizer que “se tivesse trago, os gaúchos estariam aqui”. Aliás, infeliz manifestação.

Está aqui quem efetivamente tem compromisso com a tradição gaúcha e com a identidade regional. Nós não precisamos fazer grandes discursos para defender isso, porque a questão da identidade regional, a questão da preservação da Cultura regional diz respeito não somente à Cultura em si, mas diz respeito a desenvolvimento. E se nós quisermos, efetivamente, dotar uma sociedade de desenvolvimento e torná-la ímpar no seio mundial, nós devemos preservar a Cultura local. Aquela frase de Tolstoi que diz: “Cante sua aldeia se quiseres ser universal”, se aplica perfeitamente a cada momento, a cada dia. Quem vem ao Rio Grande do Sul, quem vem a Porto Alegre para visitar a Capital - o Airton sabe bem disso, porque o pessoal vai lá na Churrascaria Galpão Crioulo -, vem, e gostaria de ver o gaúcho. Quando diz: “gostaria de ver o gaúcho”, é que gostaria de ver as manifestações culturais desta sociedade, que nós podemos resumi-la ou sintetizá-la na figura do gaúcho, que tem uma história.

Inclusive, Bernardino, fala-se aqui em Museu Farroupilha, e eu acho que tem de ser mais do que um Museu Farroupilha, tem de ser, efetivamente, o Museu do Gaúcho, que transcende a Revolução Farroupilha. Haverá de ter lá, talvez, um espaço, e aí pagando-se um pouco de dívida, Benfatto, para a Casa Cezimbra Jacques, uma homenagem justa a Cezimbra Jacques que está enterrado no Rio de Janeiro, ninguém sabe o lugar; sequer sabemos onde é que está o túmulo dele no Rio de Janeiro. Sabemos que é num cemitério de lá. Talvez nós possamos, efetivamente, ter um espaço como há nos países culturalmente mais preocupados, em que se possa contar a história do gaúcho desde o seu nascedouro, passando pela Revolução Farroupilha, que é um marco fundador de identidade, sem nenhuma dúvida, mas transcendendo isso, passando por todo o episódio que envolve o Partenon Literário, chegando ao Grêmio Gaúcho, até o Movimento Tradicionalista Gaúcho organizado de hoje, que começa com o 35, em 1948. Nós temos vários marcos. Então, me parece que essa iniciativa do Ver. Bernardino não haverá de suscitar polêmicas; todos concordam com isso. Bem, não basta fazer uma Lei, ela tem de vir acompanhada de toda uma disposição pública de previsão orçamentária.

Eu queria dizer que aquela discussão que se fez desde 2005, depois daquela reunião de 2006, lá com o seu Ary procurando, estimulando e correndo com documento, com papel e coisa e tal; ela, em alguns momentos, Ver. Bernardino, foi pautada por uma coisa que é muito atrativa, muito sedutora, e foi referido aqui que lá pode ser a sede da primeira região, pode se ser a sede disto e daquilo, pode? Pode, mas não pode ser o mote, não pode ser o objetivo, não pode ser o fulcro, porque senão nós vamos nos perder. Na verdade, o objetivo é a construção de um espaço para se ter a visão histórica do gaúcho, no qual a Revolução Farroupilha terá um tratamento especial por aquilo que ela representa, mas não só que haja um espaço para nós contarmos a nossa história, que é uma história relativamente curta, é uma história de 270 anos, somente, mas é cheia de momentos fantásticos, então, parece-me que é isso. Quem sabe, por aí também, nós consigamos mexer na questão do Orçamento Municipal, numa previsão de recursos para a sustentação daquilo. Acho que este é o grande trabalho que todos nós devemos fazer.

Eu não tenho dúvida de que esta Casa Legislativa vai aprovar o Projeto e vai dar condições para que isso aconteça. Bom, agora é o seguinte: talvez lá, na hora de discutir com o Executivo, na hora de botar no Orçamento, talvez a gente precise de uma mobilização um pouco maior. Aí vêm muito bem os 200 cavalos do Romera, mais os 200 cavalos do Alencar, e mais quantos forem necessários para convencermos o Prefeito. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Sr. Manoelito Savaris. Com a palavra o Sr. Celso Silveira, Vice-Presidente da Associação dos Piquetes do Estado do Rio Grande do Sul - Apergs.

 

O SR. CELSO ROSA DA SILVEIRA: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá, Ver. Tarciso, Ver. Bernardino, Sr. Manoelito Savaris, Oscar Fernande Gress, presidente de duas instituições que representam também o tradicionalismo gaúcho; Drª Elma Sant’Ana, representante das mulheres, cumprimentando a senhora, cumprimento todas as mulheres aqui presentes e, pode-se dizer, a todas gaúchas que defendem a nossa história; a senhora que não é uma simples gaúcha, mas é uma historiadora, é uma conhecedora dos nossos costumes, da nossa Cultura, da nossa tradição. Tenho a responsabilidade, aqui, Dr. Ivo, e eu o conheço há muitos e muitos anos no Tradicionalismo, de representar o meu Presidente, Marcílio Goulart, que está aqui, para dizer para o Ver. Bernardino que, nesta hora, em que o senhor tem a felicidade de apresentar um Projeto para criar um lugar para representar a Cultura e a tradição do gaúcho; e que a Cultura e a tradição do gaúcho - concordo com o Savaris, quando ele diz que o Romera foi infeliz, que só com cachaça e carreteiro nós lotávamos isto aí; isso não é verdade. O Dorotéo bem sabe, porque vive a história deste Rio Grande por muitos e muitos anos.

Volto na felicidade, Vereador, se estivessem, aqui, só o Ver. DJ Cassiá, o Ver. Tarciso, o senhor e mais uma pessoa, ou duas, ou três, defendendo esta ideia de fazer um local para preservar a Cultura e a tradição do gaúcho, já era bastante. Se hoje nós estamos aqui entre dez, vinte, trinta, quarenta, quando vi dois trovadores, quando vi também um poeta, e eu digo poeta, porque ele não narrou ali para nós, não declamou uma poesia de Jayme Caetano Braun, ele contou uma poesia do tempo do Darcy Fagundes; isso faz parte da história. Eu, que venho de General Câmara, Bernardino, quando tu disseste, aqui, que tem mais autoridades para falar da Cultura e tradição, porque são mais velhos, mais antigos, mais conhecedores; não, Bernardino, seja aquele que defende a Cultura. É por isso que o Gress concorda comigo, é por isso que tem a “Bonequinha de Galpão”, é por isso que tem a “Prenda Mirim”, tem uma “Prenda Juvenil”, uma “Prenda Adulta”. O processo disso tudo, Bernardino, tem uma vivência da história, até para uma prenda tem uma vivência. Resgatar-se numa casa, no Grêmio Gaúcho, fazer um levante para que ocorra essa atitude, para que os órgãos públicos, o Poder Executivo... Quem é o Poder Executivo? Quem banca o Poder Executivo? Quem banca o Poder Legislativo? Quem banca os órgãos públicos? É a sociedade! É o Celso, é o Marcílio, é o senhor, seu Ary. A verdade é esta, meus amigos.

A Associação dos Piquetes, Bernardino, está contigo, e a unidade do tradicionalismo, dentro do Grêmio Gaúcho, eu tenho certeza de que vai se fortalecer; ontem foi com cinco, amanhã será com 10, depois de amanhã, estará com 20; hoje já tem mais pessoas, e temos certeza de que, no dia da votação, o movimento será muito maior. Pode contar conosco, e meus parabéns, mais uma vez. Mais uma vez, levem no coração que vocês, aqui da Câmara, estão de parabéns por esta atitude. Contem com a Associação dos Piquetes; nós estamos aqui para, unidos, ajudar no que for preciso. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Usou da palavra o Sr. Celso Silveira, Vice-Presidente da Apergs - Associação dos Piquetes do Estado do Rio Grande do Sul.

Eu quero convidar as pessoas que estão nas galerias para que façam uso dos assentos aqui conosco, tem lugar aqui. Tenham a bondade, por favor; é uma honra para nós!

O Sr. Dorotéo Fagundes, Presidente do Instituto Cavaleiros Farroupilhas e Diretor do Sistema Tarca de Comunicação.

 

O SR. DOROTÉO FAGUNDES DE ABREU: Sr. Presidente, demais Vereadores; autoridades que o protocolo já mencionou; senhoras e senhores; em especial a Patrona da Semana Farroupilha de Porto Alegre, minha querida amiga folclorista Elma Sant’Ana; demais amigos, companheiros da luta na defesa da Cultura regional deste País, o Movimento Tradicionalista Gaúcho tem sido exemplo nessa mania de influenciar os outros Estados, e já é uma realidade, graças a este trabalho tão bonito, trabalho espontâneo, trabalho das famílias, trabalho das mulheres, das crianças, dos pais, que, de mãos dadas, por décadas, fizeram com que nós tivéssemos do que nos orgulhar. Na condição de Presidente do Instituto Cavaleiros Farroupilhas, uma entidade jovem, com 16 anos indo para os 17 anos, de fato, sendo que com apenas três anos de direito, mas que, desde o seu começo, seguiu o caminho iniciado lá em 1888 pelo patrono do tradicionalismo e de todos os outros que foram somando essa energia extraordinária de ser gaúcho. Eu gosto de dizer que para ser gaúcho não precisa mais ter nascido no Rio Grande; ser gaúcho é ter um estado de espírito permanente de amor à terra e à liberdade. Ali tu já encontras o gaúcho, e se encontram vários gaúchos no Brasil e no mundo, porque copiaram, com altivez, tudo o quanto aqui já foi dito em relação à movimentação cultural, em relação às necessidades de incentivos permanentes para que jamais percamos o fio da meada da história tão bonita que, embora nova, Presidente Savaris, bem pautada pela sua condição dos ideais, dos ideais republicamos, dos ideais que fizeram o poder central mudar o contexto e o tratamento para com o nosso Estado que estava garantindo as fronteiras deste chão, deste País, com os nossos homens, com as nossas estâncias, com os nossos cavalos e que nos legaram tudo o que somos e o que nos corre nas veias com civismo, com patriotismo, com amor e com liberdade.

É isso que, a rigor, dentro desta reunião democrática, de exemplo cívico, que tem, sim, aqui representadas oito milhões de pessoas espalhadas por este Estado, por este País, por este mundo na figura do Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, e só isso bastaria para que todos os Vereadores desta Casa entendessem que, se não lotaram as galerias é porque o tema é tão obvio: a Capital de todos os gaúchos querer o museu Farroupilha em Porto Alegre.

Então, o Instituto Cavaleiros Farroupilhas aprova, incentiva, parabeniza e se soma, desde cinco anos, quando o prezado e querido amigo Ary nos procurou e deu-nos pauta na mídia. Não estamos fazendo mais nada do que a nossa obrigação de apoiar um projeto nobre, sublime, elevado, que tem visão cultural, social, econômica e política para a nossa Capital. Talvez aí “a mui valerosa Porto Alegre” vá se render definitivamente à força da Cultura dos farroupilhas que nós representamos.

Portanto, senhoras, senhores e Vereadores desta Casa, dar incentivo e ajudar que se aprove este Projeto não será nenhum favor para Porto Alegre e para o Rio Grande do Sul; será, isto sim, uma obrigação, e, com certeza, uma visão correta ao futuro, de que nós jamais vamos perder as nossas origens, porque teremos, a exemplo de Buenos Aires e de Montevidéu, um museu onde se pode encontrar o gaúcho. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Esta Comissão é composta por este Vereador, na presidência dos trabalhos; pelo Ver. Tarciso; pela Verª Fernanda, que está num compromisso em São Paulo; a Verª Sofia Cavedon e o Ver. Haroldo de Souza. Esses Vereadores estão em outras atividades fora da Casa, representando a Comissão.

Eu passo a palavra ao Ver. Tarciso Flecha Negra, que precisa retirar-se para uma atividade fora, onde representará esta Comissão.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Eu quero saudar o Presidente, Ver. DJ Cassiá; os senhores, senhoras e autoridades presentes; que maravilha esta tradição!

Eu conheço quase todo o Brasil, viajando com o futebol, com o Grêmio, até em Mato Grosso, em todos os lugares onde estive, o nosso jantar era num CTG. Eu aprendi a gostar desta tradição. Sou mineiro, a nossa tradição é totalmente diferente, mas a tradição de vocês é a coisa mais linda. Eu não vi ainda Estado que se veste o ano inteiro com roupas típicas. Agora vem a Semana Farroupilha, que é coisa linda! Então, eu acho que não é favor do Executivo, do Governo, fazer esse museu; passou da hora a organização deste museu, esta é a verdade!

Eu fico muito emocionado quando falo sobre CTG, porque vem uma Copa do Mundo aí... Eu fui nos Vaqueanos, ali onde queriam tirar um museu que tem 50 anos e levar para Belém Velho. Os caras estão brincando! Na Copa do Mundo, como disse o nosso Vereador Bernardino - eu não sou contra Copa do Mundo, pelo contrário; eu não sou contra carnaval - essas pessoas que vão vir aqui, os turistas, vão para a Arena de dia ou à noite assistir ao jogo, e depois? O que Porto Alegre tem a oferecer para esses turistas para que amanhã ou depois eles possam voltar aqui com uma boa impressão de nós, gaúchos? Eles têm que ver mais coisas, que é a nossa tradição. Por onde viajei com a Seleção Brasileira, com o Grêmio, a primeira coisa que eu queria, no outro dia, no meu dia de folga, era conhecer o que tinha aquela cidade, aquele país; as tradições maravilhosas, como na Grécia, na França.

Então, gente, não é favor! Esta Casa é de vocês, esta Casa é do povo, e nós, Vereadores, estamos aqui para lutar junto com vocês. Podem contar com esta Comissão e com este humilde Vereador. Estou aqui para lutar com vocês, pois esta tradição tem que continuar por muitos e muitos anos. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Ver. Tarciso. A Srª Elma Sant’Ana, Coordenadora do Instituto Anita Garibaldi, está com a palavra.

 

A SRA. ELMA SANT’ANA: Sr. Presidente, demais autoridades, amigos tradicionalistas, senhoras e senhores, em primeiro lugar eu gostaria muito de agradecer a esta Casa, às pessoas que aqui estão, que são multiplicadores do nosso chamamento. Eu sempre gosto de me encontrar com as mesmas pessoas, porque são pessoas que trilham o mesmo caminho da gente.

Eu gostaria de agradecer pela escolha do meu nome para Patrona da Semana Farroupilha de Porto Alegre. Eu me senti muito honrada pelo trabalho que venho fazendo há muitos anos. Não estamos sozinhos nisso aí.

Em relação ao Museu do Gaúcho, eu estou desde as primeiras reuniões, inclusive no Galpão, na TV Pampa, eu estava presente e sempre acompanho as reuniões do nosso Ver. Bernardino Vendruscolo. E o nome talvez poderia ser não só museu, mas Memorial do Gaúcho. Nós estamos criando muitos memoriais. Eu acho que memorial seria um termo, talvez, mais adequado. Mas a intenção é a mesma.

Dentro desta minha trajetória de escritora e de pesquisadora, eu tenho feito um trabalho muito sozinha, mas conto sempre com os meios de comunicação.

Eu quero dizer que, na semana passada, houve o lançamento do meu livro “A Mulher na Guerra dos Farrapos” - o Bernardino estava lá presente, nosso Vereador, e tantas outras pessoas daqui -, e ele foi feito pelo Instituto Memória do Paraná.

Nós estamos invadindo outros Estados, formando esse cordão umbilical com Santa Catarina e com o Paraná. Então, graças a Deus, então, as nossas mulheres que estão ali nesse livro... Ele foi feito pelo Instituto Memória. Nós temos que ter memória.

E esse trabalho, esse livro surgiu dentro do Programa Galpão do Nativismo, comandado pelo Dorotéo Fagundes, quando uma pessoa lá do Paraná pediu que um companheiro ou um pesquisador gostaria de fazer um projeto; são três livros lançados em cada Estado. Eu mandei esse meu material, foi aprovado pelo Conselho Consultivo, e essas pessoas estiveram aqui no dia 4, gente nunca tinha vindo ao Rio Grande do Sul, para fazer o lançamento ali no Solar dos Câmara.

Então, eu gostaria de deixar aqui, Ver. Bernardino, que é este companheiro nosso... Às vezes eu pensava que estava falando sozinha, nessa minha trajetória, acordando-me todos os domingos, às 6h, para participar do Programa há mais de 20 anos, desde o tempo do Nico Fagundes, levando minha mensagem, porque eu sabia que alguém estava me escutando, que são as pessoas que estão nos escutando. Eu me sentia, às vezes, sozinha. Hoje eu vejo, Ver. Bernardino, que eu não estou sozinha, as Anitas não estão sozinhas; nós temos mais de cem mulheres no nosso grupo em várias cidades. Temos uma representante aqui, a Neliane Ereno, que representa Rosário do Sul, então nós não sozinhas, porque o senhor tomou a dianteira deste trabalho, e nós estamos unidos neste mesmo ideal, sempre dentro do mesmo espaço.

Eu apenas queria deixar como uma sugestão, talvez para o próximo ano - e há muito tempo venho lutando para isso: a Semana Farroupilha encerra-se dia 20 de setembro, que é a nossa data magna, mas por que não se estender até o dia 23 de setembro, com uma grande comemoração a Bento Gonçalves da Silva, que nasceu nesse dia? Em qualquer lugar do mundo - e eu tenho mais participação nos movimentos garibaldinos da Itália - as datas de nascimento e de morte são muito festejadas, são muito homenageadas. Então, eu creio que o nosso grande líder, que é Bento Gonçalves da Silva, seja homenageado, e a Semana Farroupilha pode até começar um pouquinho depois, uns dois ou três dias depois, não dia 11 nem 12 de setembro, mas que vá até o dia 23 de setembro com uma grande homenagem para esse líder da Revolução Farroupilha.

Era isso que eu queria dizer. Muito obrigada, Vereador, estarei sempre junto com o senhor e com todas as pessoas, com o nosso Presidente do Movimento Tradicionalista. Nós estaremos sempre juntos nessa luta pela nossa memória que estamos deixando para os nossos filhos, para os nossos netos, para a nossa comunidade, e sensibilizando os homens que nos representam aqui. Gostaríamos, também, que as Secretarias de Cultura, tanto do Município, quanto do Estado, sempre estejam presentes. Nós hoje temos aqui representantes, mas gostaríamos que fossem mais atuantes essas Secretarias da Cultura. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Eu quero comunicar aos senhores e às senhoras que a nossa Comissão atribui a maior importância a este Projeto como aos demais projetos que também tramitam na nossa Comissão e na Casa.

As Audiências Públicas não têm limite, mas a Agenda da Casa faz com que as Comissões tenham limites nas suas Audiências Públicas. E a nossa Comissão, por entender a grande importância - não desmerecendo os outros pedidos que tramitam na nossa Comissão, sobre Audiências Públicas – do assunto, nós hoje estamos dando esta Audiência Pública aos senhores. Quero também comunicar aos senhoras e às senhores, que, no primeiro semestre do nosso mandato, nós aprovamos aqui, Ver. Bernardino, projetos na área da Cultura como o Usina das Artes, a Lei do Fomento, e tantos outros que estão vindo por aí. Eu quero ter, Ver. Bernardino, o prazer e a honra de, antes de terminar meu mandato nesta Comissão... Hoje nós estamos aqui no segundo “tijolo”; começou o primeiro na primeira Reunião que fizemos, e eu tenho certeza absoluta de que esta Casa e o próprio Executivo têm todo o interesse em fazer com que, na verdade, este Projeto não fique nos dois “tijolos”, e que nós tenhamos, de verdade, o Museu Farroupilha. Esta Casa não tem só aprovado leis; leis nós temos demais. Hoje nós temos aprovado leis em consenso com o Executivo, e temos hoje um Prefeito que está totalmente envolvido na questão da nossa Cultura. É só isso que eu gostaria de comunicar.

O Sr. Vitor Hugo Vieira, da Associação dos Trovadores Luiz Müller, está com a palavra.

 

O SR. VITOR HUGO VIEIRA MEDEIROS JÚNIOR: Alguém disse aqui para nós que presentes neste evento, e nos outros eventos, estão sempre as mesmas pessoas; mas são estas mesmas pessoas que aprovam os projetos, que levam o MTG, o IGTF, a Comissão de Folclore, então, são essas mesmas pessoas que são a base do Movimento, e que bom que essas mesmas pessoas vieram aqui. Aqui presente está a nata do Movimento: o Savaris, um intelectual do MTG, todo mundo sabe disso, conhecemos a história desse homem, vindo lá do Planalto Médio; o Presidente Gress, três, quatro anos comandando o MTG; o Sr. Ivo Benfatto, que há tantos anos tem prestado serviços ao Movimento! Que bom que seja assim! Ruim seria se essas pessoas aqui não viessem e deixassem na mão o Bernardino. Aí sim seria uma coisa ruim.

Os CTGs não vieram, porque eles tinham outros compromissos! Há a eliminatória do Enart, compromissos com ensaios de invernada! Infelizmente não puderam vir, mas, se for para fazer uma campanha forte, eles viriam, sim. Essa história de cachaça, de trago, de comida, isso é conversa fiada! O gaúcho não é assim, o gaúcho é educado - entenderam bem? -, é um povo educado. Antigamente, brigavam, faziam e aconteciam. Hoje, não! Nós estamos aqui; o Dorotéo está aqui! Ele é da Rádio Gaúcha, há um programa dele que de vez em quando eu consigo escutar.

Então, eu quero dizer que este Projeto vai ser aprovado, sim! Claro que vai! O DJ Cassiá não é tradicionalista, mas gosta da tradição! Gosta da Cultura! Claro que o Projeto vai ser aprovado! O problema do Ver. Bernardino não é a aprovação do Projeto em si, o problema do Ver. Bernardino é depois, o dinheiro com a Prefeitura - esse é o problema, essa é uma situação mais grave. Só que aí tem apoio, como o Savaris falou.

Alguém falou em trazer 200 ou 300 cavalos, mas não vai ser preciso fazer isso aí também, porque o Ary vai conseguir. Agora, a aprovação do Projeto é tranquila, tranquila, porque basta o Presidente falar, basta o Flecha Negra, que saiu agora, falar. Isso é uma coisa de fundamento cultural. Então, jamais a Câmara de Vereadores... não tem por que dizer “não”. Vai aprovar, porque a casa está lá, aquela casa precisa de reforma, aquela casa precisa de pintura, aquela casa precisa de vida! Entendeu? Se quiserem botar vida naquela casa - parece que moram uma ou duas pessoas lá, eu não sei; é isso? -, vamos botar vida lá, fazendo um museu histórico! Porto Alegre, por enquanto, não tem o que oferecer para o visitante. Não tem! O que nós temos aqui? shopping, churrascarias... Temos CTGs? Temos um montão de CTGs, mas os nossos turistas brasileiros ou internacionais não sabem onde estão os CTGs, não sabem onde estão esses CTGs! Não sabem o endereço! Então, nós não temos que levá-los até o CTG, temos é que trazer o CTG até eles. Um bom exemplo é o Parque da Harmonia, quando não tem a Semana Farroupilha, é um ótimo lugar para ser aproveitado para trazer cultura, trova, chula, invernada de dança naqueles galpões que existem no Harmonia! No Centro é mais fácil, entenderam bem?

Quero dizer o seguinte: são os mesmos que vieram, são os mesmos que virão sempre e são os mesmos que vão dar apoio a qualquer projeto cultural! Disseram que iriam levar 200 cavalos, se precisasse, até o Museu. Eu sou maratonista, atleta corredor e sócio do Corpa - Clube dos Corredores de Porto Alegre -, se precisar, eu também venho lá do Cipreste de Guaíba, com o chasque na mão, e o entrego diretamente lá no Museu. Também faço a minha parte, não a cavalo, mas, sim, no esporte. Então, que bom que existem esses mesmos aqui! Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Sr. Paulo Roberto Guimarães, da 1ª Região Tradicionalista, está com a palavra.

 

O SR. PAULO ROBERTO GUIMARÃES: Boa-noite a todos. Vou saudar o Presidente da Mesa, DJ Cassiá; as autoridades tradicionalistas, as autoridades municipais e todos os tradicionalistas presentes, é com satisfação, também, que eu digo que as caras aqui são muito parecidas, mas representam, como já foi dito por várias pessoas, as diferentes instâncias do tradicionalismo como a da Ordem dos Cavaleiros, da Apergs, então, me sinto triste quando um gaúcho também fala algo que não é verdade hoje em dia. Isso poderia ter acontecido há muitos e muitos anos.

Mas estamos aqui para falar do Museu Farroupilha. Venho aqui trazer a palavra da 1ª Região Tradicionalista e dizer que nós não estamos preocupados em dar apoio, pensando numa sede para a 1ª Região; estamos preocupados com que essa ideia maravilhosa do Ver. Vendruscolo seja efetivada, e, com certeza, vai ser. Também vimos aqui conclamar todas as instâncias culturais de Porto Alegre, os Conselhos Municipal e Estadual de Cultura, onde também estarei defendendo que a diversidade cultural seja respeitada, assim como o tradicionalismo, que, como já foi dito aqui pelo Ver. Vendruscolo, nunca teve a sua importância avaliada e concretizada. Agora, o Prefeito Fogaça deu posse ao Conselho Municipal de Cultura, e lá estarei defendendo que a diversidade cultural seja respeitada. Mas não vamos esquecer do tradicionalismo, que é a nossa raiz, e o que falta para Porto Alegre é um Plano Diretor, um planejamento para a Cultura. Temos que planejar as atividades culturais, fazer um planejamento a longo prazo, e aí incluem-se muitas coisas, ou seja, o Parque Temático do Harmonia, o Museu Farroupilha, a preparação para a Copa que está chegando.

Então, vamos fazer um Plano Diretor para a Cultura, mas não vamos esquecer do tradicionalismo. Geralmente, na terra dos gaúchos, o tradicionalista é esquecido. Vamos dar a todas as atividades a participação. Mas eu acho que não estaremos fazendo nenhum favor se nós dermos a mesma importância que as outras atividades culturais têm para a vida do gaúcho, à sua história. Então, o meu pedido é que, após a aprovação do Projeto - disso também temos certeza -, seja pensado um planejamento, um Plano Diretor cultural para toda a Cultura de Porto Alegre e quem sabe do Estado. Essa é a ideia que a 1ª Região Tradicionalista tem, a de apoiar todas essas atividades que redundarem em aumento para valorização da nossa Cultura tradicional.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Não tendo mais inscrições, eu quero comunicar aos senhores e às senhoras que está tudo registrado e será encaminhado e anexado ao Projeto que os 36 Vereadores desta Casa irão futuramente receber. Quero agradecer aos representantes das Secretarias do Governo pela presença; quero agradecer, na pessoa do nosso Diretor Legislativo, Luiz Afonso, a todos os funcionários da Casa que até esta hora estão aqui firmes. Sem a estrutura, sem a permanência deles, nós não teríamos condições de fazer esta Audiência Pública. Assim, eu encerro esta Audiência Pública. Espero que o nosso próximo encontro, se Deus quiser, e Deus quer, seja para aprovar este Projeto para que realizemos o nosso sonho. Sonhos são feitos para serem realizados, e esse é um sonho que, com certeza, será realizado. Muito obrigado a todos os senhores e senhoras. Tenham uma boa-noite.

 

(Encerra-se a Audiência Pública às 20h55min.)

 

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